Brasília e a Poesia Concreta
Wlademir Dias-Pino [1958]
• a arquitetura
Um homem americano parado em sua roupa de linhas retas – calças e paletó e até mesmo com cartola – muito se assemelha a um arranha-céu. O indígena escolhe para tanga a palha que cobre a taba. O árabe, esse, se veste com a forma de uma tenda. A japonesa carrega nas mangas do vestido formas semelhantes a beirais de seus telhados. É que o homem, na rua, psicologicamente, quer se sentir protegido. É, também, que a arquitetura sempre foi um marco – monumento vivo – ao tempo que o homem habita.
• os tempos
Um Hitler porque estava no poder apoiando-se na tradição militarista alemã era contra a renovação. Já Mussolini – embora fosse um homem que concordasse com o ditador alemão – estava tomando o lugar do rei, então, não podia, de forma alguma, firmar uma tradição e era pela renovação.
Aqui no Brasil o modernismo de 22 estava cercado por uma série de acontecimentos políticos. A geração de 30 ajudada por Getúlio Vargas fez a literatura social-econômica do nordeste. Uma literatura abrasante. Era um estado novo para o Brasil.
A leda e pálida geração de 45 anunciava o enfraquecimento dos partidos políticos. Agora surge o Concretismo 1956 justamente na época do nascimento de Brasília. É que o Brasil começa a se industrializar. Há uma renovação constante de técnica na procura de uma técnica toda nossa e isso é também o Concretismo.
A poesia concreta quer resolver o espaço branco do papel pela maneira mais funcional. Poesia concreta é espaço e luz. Nem é à-toa que um poema concreto se assemelha a uma sadia planta arquitetônica.
É que Brasília e Poesia concreta são um marco ao tempo que o homem habita.
• um poema
Se fossemos fazer um poema concreto em homenagem ao Sr. Juscelino, por ex., teríamos conscientemente de dividir o trinômio.
escola
energia
transporte
escola - seria o abc.
energia – seria a existência de cada palavra habitando um tempo, isto é, revelando um espaço.
transporte – a movimentação pela própria ordem alfabética então, reunindo as “sínteses” teríamos o poema:
a b c d e f g h i JK