Patrícia Fucci
Apresento a vocês José Dias, personagem criado pelo gênio de Machado de Assis no inesquecível romance Dom Casmurro.
Nesse caso, acho indispensável a apresentação, pois quando se pensa em Machado, em Dom Casmurro, de imediato pensa-se em Capitu, “cigana oblíqua e dissimulada”, e, no máximo, pode-se pensar em Bentinho, mas José Dias, o agregado...
José Dias, o agregado, aquele que, com seus superlativos, buscava superlativar sua existência... E é justamente por existirem nesse mundo mil vezes mais “joses dias” do que “capitus” que reside a eficácia do personagem – carente, solitário, fazendo de tudo para amenizar esses seus sentimentos.
Em um enfoque sociológico, o personagem ganha importância por representar figura típica da estrutura familiar brasileira, o agregado, alguém que não sendo membro da família, a ela adere, passando a fazer parte do contexto. Um dia, quando o pai de Bentinho ainda estava vivo, José Dias bateu à porta, fingindo ser médico homeopata, e acabou ficando, encostando-se, aos poucos.
No romance Dom Casmurro, José Dias é o que “amava os superlativos”, “ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo”. “Nos lances graves, gravíssimo”, “com o tempo adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo”; e “as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole”.
José Dias, o agregado, aquele que, com seus superlativos, buscava superlativar sua existência... E é justamente por existirem nesse mundo mil vezes mais “joses dias” do que “capitus” que reside a eficácia do personagem – carente, solitário, fazendo de tudo para amenizar esses seus sentimentos.
Em um enfoque sociológico, o personagem ganha importância por representar figura típica da estrutura familiar brasileira, o agregado, alguém que não sendo membro da família, a ela adere, passando a fazer parte do contexto. Um dia, quando o pai de Bentinho ainda estava vivo, José Dias bateu à porta, fingindo ser médico homeopata, e acabou ficando, encostando-se, aos poucos.
No romance Dom Casmurro, José Dias é o que “amava os superlativos”, “ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo”. “Nos lances graves, gravíssimo”, “com o tempo adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo”; e “as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole”.
Sem dúvida, personagem importantíssimo! Ao longo do texto, pode-se perceber que ele muda o papel antipático, que incitava a mãe de Bento a mandar o filho pro seminário, e se torna um personagem cativante, moldado aos intentos de Bentinho, que queria fugir do seminário. No fim, José Dias tem quase a figura do próprio pai de Bento. Olha que lindo o momento em que Bentinho faz sua última narração do agregado; "Abrimos a janela. Realmente, estava um céu azul e claro. José Dias soergueu-se e olhou para fora; após alguns instantes, deixou cair a cabeça, murmurando: Lindíssimo! Foi a última palavra que proferiu neste mundo. Pobre José Dias! Por que hei de negar que chorei por ele?"
ResponderExcluirUm dado curioso: "Os pais de Machado de Assis moravam como agregados na propriedade da viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira. Sua mãe foi empregada como doceira num colégio do bairro do Livramento e o próprio escritor vendia doces como ambulante, em sua infância." (Cf. Nota 12 do artigo: NUNES, Jordão Horta. “O machete e o violoncelo: gêneros musicais e identidade social na prosa de Machado de Assis”. ArtCultura, Uberlândia, v. 10, n. 17, p. 73-88, jul.-dez. 2008.)
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