19 de abril de 2011

Lembrança selvagem

Mgrilo
             Acordei com vermelhidão em um olho. Segundo tia Heleninha, com olho-de-tarado.
             Sim, me lembro de um sujeitinho gesticulando e berrando para um grupo:
                - Não! Vocês tem que entender que não sou gente violenta, só acho que não tem problema  querer consertar as pessoas. Quem mandou ele ficar um tempão conversando com o caixa do banco? Se vai alugar o caixa faça contrato e pague aluguel! Não o conheço e só esfreguei um papel na cara dele como sendo um contrato. Mas fiquei gritando com educação, está bem? Gostariam que eu ocupasse a orelha do caixa contando com detalhes a operação de vesícula da tia Heleninha?
                - Que história é essa de tia Heleninha? Ela é a minha tia e não a sua.   
                - Trabalho para você, respondeu em tom alto o tipinho.
              Nesse momento, uma jovem ruiva com um decote escandaloso gritou em minha direção:
             - Evite os pecados mortais. E já que sexo não é pecado, como um justo faça SÓ sexo na sua vida  que irá garantir a vida eterna.            
                Percebi que os dois eram esboços de personagens meus, quando  aquele desqualificado voltou a falar alto comigo:
             - Estou à sua disposição faz tempo, e agora quero receber meus atrasados.
             Surpreso, mas disfarçando a minha preocupação tentei controlar a situação.
             - Pessoal, vocês sabem que personagens não tem salário, e existem ainda aqueles que fazem a má fama de seus autores! Eles por um acaso pagam indenização para seus criadores? 
             - Ele se faz de besta, gritaram a ruiva e os peitões.             
             - PAGA! A pequena multidão voltou-se para mim vindo em minha direção. Tentei correr e não consegui sair do lugar.
             E foi assim que acordei, com esse olho-de-tarado.

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