21 de fevereiro de 2011

Tradução: traição?

Uma espécie de canção

Que a víbora espere sob
as ervas daninhas
e a escrita
se faça de palavras, lentas e rápidas,
prontas ao ataque, aguardando pacientemente,
em vigília.

_ e através da metáfora reconciliem
as pessoas e as pedras.
Compõe. (Ideias
só nas coisas) Inventa!
Saxífraga é a minha flor que fende
as rochas.

William Carlos Williams (trad. de José Agostinho Baptista) em Antologia Breve

***
A sort of song

Let the snake wait under
his weed
and the writing
be of words, slow and quick, sharp
to strike, quiet to wait,
sleepless.

_ through the metaphor to reconclie
the people and the stones.
Compose. (No ideas
but in thing) Invent!
Saxifrage is my flower that splits
the rocks.

***
Tradução. Como não trair, se para a palavra weed, temos "erva daninha"? E sendo tão mais longa esta nossa expressão, como manter, no poema em português, o pronome possessivo que a acompanha no original em inglês? Snake é "víbora" ou "cobra" simplesmente? E o que dizer do jogo sharp to strike, quiet to wait? Por que não traduzi-lo por "agudas para atacar" e "quietas para esperar"? Sleepless não poderia ser "insones"? E, na segunda estrofe, Compose. (No ideas but in things) Invent!, não seríamos mais fiéis ao poeta se a tradução fosse "Compõe. (Não idéias mas nas coisas) Inventa!"?

***
Ao procurar na internet se havia uma tradução brasileira para o poema, encontro em uma postagem do blog "mundo de K", a referência ao trecho "não há ideias senão nas coisas", e a capa de uma edição com tradução de José Paulo Paes. A conferir.

Em tempo: neste blog, há uma listagem de links preciosos.

Um comentário: