O
romance fora-de-lugar de Machado de Assis, Esaú
e Jacó, possui 121 capítulos e mais uma "Advertência", espécie de prefácio.
Sem pretensão de abarcar tudo, nos ateremos apenas a algumas dessas partes, em duas outras postagens, posteriores a esta.
Por ora, apresenta-se a seguir um resumo dos critérios que guiaram a escolha dos capítulos estudados.
Sem pretensão de abarcar tudo, nos ateremos apenas a algumas dessas partes, em duas outras postagens, posteriores a esta.
Por ora, apresenta-se a seguir um resumo dos critérios que guiaram a escolha dos capítulos estudados.
A
escolha resultou de um levantamento dos capítulos citados
em vários trabalhos acadêmicos e ensaísticos,
mas sobretudo em um: Bem-aventurados os que
leem: formas simples em Esaú e Jacó, de Machado de Assis, de Rodrigo Silva Trindade. Dissertação de Mestrado, USP, 2013, no qual o autor toma André Jolles
como referência para a pesquisa da ocorrência das formas ditas simples na obra
de Machado de Assis.
Dentre os trabalhos consultados estão também: o artigo Dança de parâmetros, de Roberto Schwarz,
sobre a "Advertência" do livro; a comunicação de Alexandre Eulálio sobre a relação entre o capítulo “Terpsícore” e um painel pictórico realizado por Aurélio
Figueiredo, após a leitura da obra de Machado; e os artigos de Renato
Oliveira Rocha, O jogo entre ficção e história em Esaú e Jacó; e de Sílvia Maria Azevedo, Esaú e Jacó: de rivalidades e progenitura.
Texto integral do livro, em espanhol, aqui. |
Nesses
textos, faz-se referências a questões a serem abordadas nas postagens a seguir, com comentários aos capítulos
selecionados: a figura do narrador; a presença do mito; o aproveitamento de “ruínas
literárias”, pela expressão frequente de locuções proverbiais, aforismos, paródias,
casos e anedotas; de apólogos e outras alegorias que transmitem a tensão entre
atemporalidade e datamento na obra; de formas simples, jogos verbais, desenhos
de cenas teatrais; e a mescla de reflexões morfológicas, estéticas e históricas
ao longo do romance.
Leve-se
em consideração que, em Esaú e Jacó: 1)
o tempo histórico não é o tempo da narração; e 2) a escrita é em mosaico, i.é, a linguagem é fragmentada, cabendo a
costura ao narrador, por meio de comentários e interlocuções com o leitor.
A lógica narrativa é eminentemente apologal; em vários capítulos, o
narrador apresenta um conceito, e o ilustra. Em muitos capítulos, há resumos irônicos, satíricos e didáticos,
pelos quais o narrador expõe uma tese ao leitor, junto a uma “demonstração”, uma pequena alegoria. Revelam-se assim explicitamente as emendas do texto, em
detrimento de uma noção do romance como obra acabada, pela qual se apreende uma
beleza também acabada. E intencionalmente o narrador projeta um ardil, uma quebra da unidade da obra, provocando o leitor, principalmente o típico ou a típica leitora de romances
folhetinescos.
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