Naquela noite certo feiticeiro abriu sua janela revestida de matérias etéreas.
Os sons eram sons de cristais tremeluzentes no ar. A city, naquela noite, estava repleta de bons fluidos – cheiros de vida, verão e amor, cheiros de hot-dog, pipoca, pizza, cheiro de infância. Todos os sentidos e instintos humanos estavam abertos naquela noite às escuras. Os bares vendiam seu veneno para preencher vazias vidas etílicas, goles de ferro derretido, continuidade abstrata da coreografia de sempre do ato apelidado de – vida. O mundo às escuras! Velas e lanternas formavam figuras, cavalinhos de fogo, bailarinas dançantes de um mundo encantado como num sonho infantil. Janelas coloridas fitavam com olhar-gato quem passava. Neste entre-ato, havia no ar uma comunhão silenciosa, iluminada apenas pela lua no alto do céu – o mistério da noite, a chuva que cai, a criança que brinca na pausa...
O feiticeiro fechou sua janela. Teve medo de quebrar a magia daquela noite sem luz.
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