Para Gabriel Sanches / De Bia Albernaz
Teatro,
saída: uma intervenção do, no dia da quarta-feira, o primeiro dia da temporada de
outubro, 2019.
Chegada,
antes o táxi, a conversa tanto do motorista quanto do
Daniel, que também ia, discutiam? Conversa? Conversa-discutiam, interrompiam-se, falavam implícito, frases incompletas, tentativas de dizer, de
saber sou contra, e você? Contra o quê, exatamente? Eu, distraída, zap, em
conversa de outra coisa, outras pessoas, fora daquele táxi, de vozes feras. Nós todos feirantes?
Chegada, já
está escuro, onde é? O teatro, do outro lado, passa por esse canal esgoto? Segura,
se não cai. O páreo ali em frente(os
cavalos dormem?). Já está escuro e quando a gente
passa, dois caras passam e um fala, ouvi claramente a palavra “perigo“.
Todos em
perigo? Toda parte? Chegada agora sim, está claro, aberto. Tem gente em pé, gente
ri, que gente iria? Estava a estreia, tinha alguma correria. A gente jovem
reunida, ida, ainda indo, um professor, uma mãe? O iluminador. O bar. O jovem negro
sentado na frente. A estridência, muitos e talvez ainda muito poucos, dentes, línguas mas
muitos abraços e braços tatuados.
Pode
entrar? Ainda não. O porteiro é sorridente, a moça bilheteira: pode entrar
agora. O lugar. Centro na quarta fileira, teatro enorme, infinitamente grande, nós
juntos, apertadas as
pernas, na frente. Mas tem balcão, ver de longe e de cima também é bom. Daí
começou. A cortina não abriu. Veio um cinema, ué? Agora tem, toda a parte gráfica, gráficos,
os que custeiam tem isso, ora. A tela acaba, sobe, a cortina espera e abre
vermelha.
Dia? Noite
flamenga? Tango com tambor. Tem no palco dois homens,tem vários
tambores, tem uma mulher? Eles têm os deles. Tem um andaime e nele três tambores, plano
acima. Tem ela. Daniel disse, lembra uma estátua daquelas de parque todas
fantasiadas, essa dourada e vermelho, uma coroa dourada e vestido
vasto vermelho. Ela um tambor lá em cima quase
estática, e eles dois embaixo também tambores, mas também
bebida e muitos não muitos, berros? Mais bebida. Principalmente um, o
manifestante professor, não o da plateia esse um senhor. O do palco jovem, professor
de nem sei do quê — isso disse o outro jovem no palco o interlocutor? O outro
sujeito barba feita, dândi oriental? Peruano não me parece. Olhos puxados?
Corpo espichado. Esse traço pelo em cima da sua boca é bigode?— isso perguntou
o jovem, aquele primeiro jovem professor, o manifestante. Tudo começa aí?
Não tem
começo. Tinha tido uma Manifestação contra uma Intervenção. Tinha uma situação.
Todo mundo em perigo? Quem vai? Você, não foi. Quem morre? Quem branco. Qual negro?
Plateia palco fora dentro aqui ou lá? Um foi, na
manifestação contra eles que matam e deles, você é a favor. Eles, os que morrem
também matam. Eles não podem. Ah, e os
outros podem? Quem mata mata quem? A questão essa da
criança e de todo mundo é massa e você então? Sou a favor. Da intervenção?!
É assim, mais
ou menos, o ritmo o diálogo o sopro a troca entre os
dois interrompida por tambor e por passos de tango dos dois, que feridos ferem,
vociferam? Os atores, os jovens, e
tem o Gabriel ator manifestante, porta voz, corpo-voz? Tem o gesto dele e tem o
do outro. Tem em frente e tem dentro. Tem a fala e tem a voz. Ele em frente, e
nós à frente. Alcoólatra? Ele? Pensei em meu pai. Deu vontade de novo, outra
vez ir outra Uma intervenção.
Vão e vejam
vocês mesmos e do final, talvez fácil? depois me falem.
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