Na última versão [de O prelúdio], Wordsworth nos dirá que o poder é "assim chamado / Pela triste incompetência da linguagem humana"(6.592-3), mas, é óbvio, o nome está inteiramente correto, pois o poder da visão cresce em intensidade desde a memória, mediante a ênfase, até a oclusão do visível.
A Imaginação pode ser estruturalmente definida como um poder de resistência ao Verbo, e, nesse sentido, ela coincide exatamente com a necessidade psicológica de originalidade.
Porém, uma definição estrutural apenas localiza uma experiência; como uma experiência ou um momento, a Imaginação é uma extrema consciência do ser a tomar vulto no recuo dialético em face da extinção do ser, imposta por uma iminente identificação com a ordem simbólica. Daí a Imaginação elevar-se "qual emanação bastarda": ela é, a um só tempo, a necessidade do ego e sua tentativa de ser bastardo, de originar-se a si próprio e, desse modo, negar o reconhecimento a um poder superior.
A imaginação não é uma evasão do complexo de Édipo, mas uma rejeição dele. De certo ponto de vista (aquele, por exemplo, implicado pela história da influência poética), essa rejeição é puramente ilusória, uma ficção. Rejeitar o complexo de Édipo não é, afinal de contas, dissipá-lo.
Mas a ficção é necessária e redentora; ela fundamenta o ser e garante a possibilidade - a oportunidade para uma certeza de si mesmo - da originalidade. E, assim, Wordworth pode dirigir-se à sua "alma consciente"(1850) e dizer: "Reconheço tua glória".
O trecho é de autoria de Thomas Weiskel de "O sublime romântico" e foi citado em "Abaixo as verdades sagradas - Poesia e crença desde a Bíblia até nossos dias", de Harold Bloom. De Wordsworth, não encontramos nenhuma tradução em português. Mas deve haver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário