2 de abril de 2011

Caro Tigre,

 Luciane Conte
      
          Caro Tigre,
          andando outro dia pela floresta de cimento, nem de longe acolhedora como a sua que tão boas lembranças me traz, deparei-me diante de uma criatura, que no momento assim prefiro denominar e que, mais tarde, bem irás compreender o porquê da minha falta de zelo. Escrevo a ti, pois és desprovido de julgamentos no que diz respeito ao mundo dos homens, e desse modo melhor poderás compreender a minha aflição e quiçá indicar-me um caminho.
           Encantei-me de pronto pelo formato roliço da criatura, talvez cansada das anoréxicas beldades televisivas e, com um quê de rebeldia barata, vasculhei minha bolsa à procura de uns trocados que o libertassem do meio fio. Mal chegando em casa, arrumei-lhe um lar aconchegante perto da planta da felicidade, diga-me onde mais alguém poderia querer viver?  Pois saiba que quase mata seu gentil hospedeiro de tanto chafurdar na lama. Tirei-o rapidamente, lavei-lhe as patas, e o pus onde a ninguém viesse perturbar, na estante, preso entre “A Revolução dos Bichos” e o “O Príncipe” como contraponto.
            Há de se dar de comer à criatura a toda hora, que a fartas bocadas satisfaz sua fome e não preenche sua pança. Pensei levar meses até que o pudesse satisfazer por completo, diria mesmo que está perfeitamente adaptado à vida moderna com esse eterno ar de insatisfação pendendo de seu nariz roliço. As patas, estas sofreram de alguma doença quando criança dada sua pequenez ou então o ventre, tanto cresceu, que as encurtou.
Agora, passados meses, faz-se o dilema: defensora não sou dessa vil criatura, mas treme minha consciência com o que há de vir. Necessito com a maior urgência de tudo o que sob seus cuidados se encontra e para obtê-lo deveria de pronto romper-lhe o ventre, o que em nada me apraz, acaso tivesse essas vontades teria me dedicado a veterinária, onde crê-se, apesar de inúmeras controvérsias, eles sabem o que fazem. Ficamos assim em casa, olhos nos olhos, sem nada a dizer. Faz já uma semana que minha mente se digladia entre o querer e os meios para tanto.
Peço, encarecidamente, que não tardes a vir com teus sempre nobres conselhos e lembre-se que a tua natureza nessa hora muito me convém.
Da igualmente nobre amiga e domadora de porcos,
Marcília.
***
O caçador solitário Paideuma.net

2 comentários:

  1. Olá!

    Gostaria de divulgar o regulamento do 1º Concurso de Contos e Poesias Comunic(ação). É um concurso diferente, que não objetiva a publicação dos textos premiados, mas a utilização deles em práticas teatrais, durante um processo de investigação que terá duração até julho de 2012, entre a Trupe Comunic(ação), de São Paulo, e o Grupo de Teatro Luar, de Angola, na África.

    O concurso já nasce com grande incentivo do governo estadual e do governo angolano, o que garante uma ótima premiação em dinheiro e viagens. Para que ele se mantenha em outras edições, é muito importante que essa primeira seja um sucesso de inscrições!

    Ajude a divulgar em seu blog, grupo, atelier de literatura, escola etc.!

    REGULAMENTO: http://concursocomunicacao.blogspot.com/

    ÚLTIMA SEMANA PARA INSCRIÇÕES!!!

    Prêmios: R$ 8000 / R$ 5000/ R$ 2000 + viagens culturais para a África!

    Forte abraço!

    ResponderExcluir
  2. Olá Renan
    fui até o seu blog mas não havia outras informações além destas que você postou aqui. Gostaria de saber mais sobre as duas companhias que patrocinam o concurso. Também acho importante saber: vocês não vão divulgar o nome dos membros da comissão julgadora? Abraço, Bia

    ResponderExcluir