18 de outubro de 2010

Isto

Uma vez Antonio Fraga me disse que o escritor não precisa sentir nada quando escreve.
Precisa despertar no leitor o sentimento.
Acabo de ler o seguinte poema de Fernando Pessoa. Eles concordam.

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
Fernando Pessoa

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