7 de julho de 2010

Fluxo de consciência ou monólogo interior

Técnicas da ficção para apresentar conteúdos e processos psíquicos do personagem, parcial ou inteiramente inarticulados, em diversos níveis do controle consciente, em estágio anterior ao da fala deliberada.
Modos de apresentação:
- Direta, sem a intervenção do escritor, reduzido à condição de espectador mudo; espécie de confidência, sem barreiras e sem obediência à normalidade gramatical, sem introduções, intercalações ou aspas; uso do presente como tempo dominante; emprego da 1a pessoa; ausência de interlocutor; personagem impõe sua presença.

- Indireta, com a intervenção do ficcionista na transcrição do fluxo mental da personagem, comentando-o, discutindo-o e explicando-o (em 3a pessoa do singular), sem deformá-lo, como se a personagem não conseguisse exprimi-lo. Forma-se o triângulo escritor-protagonista-leitor.

- Solilóquio, personagem fala sozinho, no teatro ou no texto literário; oralização da consciência, com idéias e emoções estruturadas coerente e logicamente, ainda que a partir de um pensamento psicológico e não-racional; a intervenção do escritor é inexistente, personagem se comunica diretamente com o leitor como um interlocutor calado. Empregado quando o escritor deseja que a personagem expresse sua consciência com meios próprios, é feito sempre na 1a pessoa. Difere do diálogo pois personagem diz tudo o que se passa pela sua mente; confidencia, numa narrativa consistente, coerente, lógica. Um truque aparentado ao solilóquio é o aparte.


(Cf. Recanto das Letras em 08/03/2007, por Ricardo Sérgio - Código do texto: T405046; http://www.pucrs.br/gpt/fluxo.php; e HUMPHREY, Robert. O fluxo de consciência: um estudo sobre James Joyce, Virginia Woolf, Dorothy Richardson, Willian Faulkner e outros; tradução de Gert Meyer, revisão técnica de Afrânio Coutinho. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976.)

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