Arlette Santos
Amanhã – 8 de abril de 2008 – completo setenta e sete anos, e uma atitude, digamos generalizada, na forma de focar esta parcela da população, na qual me incluo, incomoda-me bastante. Para mim, idoso, velho ou sexagenário é a pessoa que ultrapassou os sessenta e cinco anos... Não vai aí nenhuma ofensa ou discriminação.
Fala-se freqüentemente em terceira idade, não sendo feitas referências semelhantes às outras faixas etárias como primeira ou segunda idades; quanto à melhor idade, quem inventou essa história? E há ainda a feliz idade, idade da sabedoria, etc, etc, tudo para dourar a pílula.
Recentemente fui passar o Reveillon em Angra dos Reis, onde seria realizado no dia 30 de dezembro o IV Encontro dos Corredores do Frade. Resolvi participar como “caminhante”. Minha filha me inscreveu, e até o início da competição ninguém me conhecia. Quando cheguei, a minha presença causou impacto: um casal pediu permissão para me entrevistar e filmar, pois desejava me mostrar como exemplo para suas mães e sogras. Cumpri a caminhada no tempo estabelecido. Pelo meu enquadramento etário, ganhei até uma medalha de prata. Modéstia à parte, parece um bom desempenho para quem participou de uma competição esportiva pela primeira vez aos setenta e sete anos incompletos.
O que quero questionar com este exemplo é que uma pessoa pode ser razoavelmente sadia física e mentalmente, sem deixar de ser idosa. Digo razoavelmente, pois creio ser quase impossível não ser acometido por um dos males característicos desta faixa etária – deficiência visual, cardiopatias, perda de memória... A sabedoria está não em negá-las, mas em saber conviver e não se deixar abater. É bom vermos a mídia preocupada com os nossos problemas, mas a maneira de camuflar uma realidade com expressões como as já citadas me parece uma forma de rejeição.
Ainda neste fim de semana, lendo uma crônica da Marta Medeiros, surpreendi-me com a frase: “Pretendo morrer jovem aos 120 anos”. Para contestar essa afirmação, imaginemos uma cena: em um auditório repleto, o apresentador anuncia: “E agora, conforme o programado, vamos receber a jovem Maria das Dores, que nos falará sobre suas experiências em viagem à Amazônia!” Na seqüência, entra uma senhora com cerca de oitenta anos...
Qual seria então a reação da platéia?
É melhor encarar a realidade, acabar com o preconceito e admitir que o idoso pode ser alegre, sadio, dançar ou discursar. O tempo do vovô lendo e fumando cachimbo e da vovó de coque, pantufas e fazendo crochê já era.
Os termos criança, adolescente, adulto e idoso se referem à idade cronológica, e não ao seu desempenho físico ou mental. Vamos encarar isto com naturalidade! Talvez assim o idoso seja mais valorizado.
Os termos criança, adolescente, adulto e idoso se referem à idade cronológica, e não ao seu desempenho físico ou mental. Vamos encarar isto com naturalidade! Talvez assim o idoso seja mais valorizado.
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